TEST
DRIVE ETIOS 1 5 SEDAN 2013
CONFIRA
SE VALE A PENA TER UM
Os planos da Toyota para o Brasil são
ousados: 70 000 unidades por ano no país. Para dar uma ideia do que é isso, em
2011 a Toyota vendeu 99 000 veículos aqui, entre Corolla, Hilux e importados
como Camry e RAV-4. Assim, para roubar mercado de VW Gol, Fiat Palio, Nissan
March e o futuro Hyundai HB, entre os hatches, e Renault Logan, Fiat Grand
Siena, VW Voyage, Nissan Versa e Chevrolet Cobalt, entre os sedãs, o Etios
ganhou um acabamento um pouco melhor que o indiano. Por fora isso se traduz em
uma grade com frisos da cor da carroceria (no indiano ela é metalizada), faróis
com lente de melhor qualidade, lanternas do hatch de desenho diferenciado,
spoiler de série e rodas de alumínio em todas as versões.
Para o hatch, continuam os 3,77 metros de comprimento e 2,46
de entre-eixos do indiano. Quatro pessoas viajam bem, sem raspar as pernas no
banco da frente ou a cabeça no teto. O sedã é maior, 4,26 e 2,55 metros,
respectivamente, com 595 litros de porta-malas - 32 a mais que o do Cobalt,
atual campeão do segmento, e quase o mesmo que a Zafira (600 litros).
Por dentro, os bancos têm padrão melhor que o do indiano, mas
ainda assim têm tecido simples, e os apoios para cabeça são reguláveis (na
Índia, são fixos). Os revestimentos sofreram leve melhoria de acabamento, com
material de toque mais macio na parte escura do painel, mas no geral forrações
de porta e painel são de plástico rígido. Portanto, não espere o refinamento de
um Corolla ou de compactos premium como Fiat Punto ou VW Polo. Mas nos itens de
série a história é outra. De fábrica, ele terá airbags frontais, ABS com
distribuidor de frenagem (EBD), ar-condicionado, CD player com MP3 e travas e
vidros elétricos. Por economia de escala, os instrumentos no centro do painel
foram mantidos para atender a países com mão inglesa de direção.
Há também pecados que você não espera num Toyota, como a
tampinha da porta USB, frágil a ponto de ficar dobrada nos primeiros usos, ou o
porta-luvas (13 litros e refrigerado pelo ar), que ao abrir bate no joelho do
passageiro. Vale lembrar que as unidades avaliadas no Japão ainda são
pré-série, mas sem possibilidade de sofrer mudanças profundas.
Um ponto no qual o Etios melhorou bastante foi no isolamento
acústico. Na modelo indiano, acima dos 120 km/h, os ouvidos sofreram com o
barulho do motor 1.2 de 80 cv. Também os motores do carro brasileiro são bem
mais silenciosos. "Foi um dos pontos nos quais a equipe de engenharia
trabalhou mais duro", diz o engenheiro Eduardo Camignotto. O Etios terá
dois motores: 1.3 (só no hatch) e 1.5 (nas duas versões), ambos flex. Quando
perguntamos a Akio Nishimura, responsável pela fase final do projeto, qual sua
potência, veio uma resposta inesperada: "Isso só será divulgado no
lançamento, já que nossos concorrentes no Brasil podem fazer alterações no motor
para se aproximar do nosso produto". Considerando que o único de seus
rivais que ainda não está à venda é o HB, que a Hyundai vai montar em
Piracicaba (SP), fica clara a preocupação da Toyota com o modelo coreano, que
estreia no fim do ano.
Estima-se que os motores mais cotados por suas
características são o 1NR-FE, um 1.3 de 98 cv que equipa o hatch Yaris, e o
1NZ-FE, um 1.5 de 109 cv que vai nos sedãs Yaris e Axio. Mas de oficial, mesmo,
só números de desempenho. A marca divulga 11,9 segundos no 0 a 100 km/h, com
etanol, para o hatch 1.3, contra 13,8 do March 1.0 e 13,9 do Palio 1.4, segundo
testes feitos pela própria Toyota. Se confirmado o consumo anunciado, o Etios
merece elogios: 9,54 km/l, frente a 8,22 do Palio e 8,92 do March, sempre
testados pela Toyota. "Isso explica por que está descartado o Etios
1.0", diz Nishimura.
Na avaliação que fizemos com os dois Etios na pista de teste
de Gomagori, deu para sentir que o câmbio manual de cinco marchas tem engates
macios e precisos, mas fica claro como o 1.3 demora para embalar - e isso tem
uma razão. Para adaptá-lo ao piso brasileiro, o Etios ganhou reforços (e peso)
a fim de melhorar em 15% a rigidez do chassi, além de receber amortecedores
mais duros. Em conjunto com a bem calibrada direção elétrica, isso se traduz
num comportamento firme nas curvas, de hatch e sedã, com acerto que passa longe
da maciez de um Palio.
Sem Negociação
Assim como os dados de torque e potência, os preços não foram
divulgados, mas a Toyota promete que serão "muito competitivos" para
encarar Gol e Palio entre os hatches e Logan entre os sedãs, o que significa
que devem começar acima de 31 000 reais. Porém, não espere nenhuma pechincha.
"Estamos estudando a concorrência, mas não vamos entrar em guerra de
descontos para comprar mercado", diz Funo. "O que prometemos é o
serviço pós-venda de sempre e custo adequado para os equipamentos que iremos
oferecer." Assim, o mercado vai ter de esperar mais um pouco, até a
divulgação da tabela oficial, para definir o futuro do primeiro japonês
compacto feito no Brasil.
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