BMW Active Tourer
Uma minivan com três cilindros e tração dianteira. Mas é boa? É.
Uma minivan com três cilindros e tração dianteira. Mas é boa? É.
Os BMW
sempre tiveram duas características marcantes: tração traseira e comportamento
esportivo. Pense no que um fã dirá ao saber que a marca lançou pela primeira
vez na sua história um veículo com tração dianteira, uma minivan e um motor de
três cilindros. É pior ainda: as três novidades chegam juntas no mesmo carro,
que atende pelo nome Active Tourer. Na teoria, nada podia estar mais longe do
DNA da empresa do que esse modelo, que chega ao Brasil este ano. Isso pode
parecer ainda mais estranho ao lembrarmos que o mercado está migrando das
minivans para os SUVs. No caso dos alemães, não se trata de tirar o pé dos
utilitários, mas sim de aumentar a oferta. Por quê? Segundo Frank Niederlander,
diretor de veículos compactos, há um cliente desse segmento que nunca pensou
num BMW. "É alguém que quer interior mais funcional e exterior compacto,
mas aceita pagar pela imagem de marca, por sua qualidade superior e por uma boa
experiência ao volante."
O design
do Active Tourer não seduz à primeira vista, nem parece que causará aquele
desejo de ter um, como em qualquer BMW. A dianteira com a típica grade de duplo
rim possui a cara da marca, mas a traseira destoa do conjunto. Parte da falta
de personalidade vem da plataforma de tração dianteira, a mesma do novo Mini,
que gerou um veículo de proporções diferentes dos irmãos de tração traseira.
Ruim para o comportamento ao volante, ótimo para reduzir custos e otimizar
espaço interno e porta-malas num veículo familiar de apenas 4,34 metros, o
mesmo que um Renault Logan - a posição transversal do motor e a eliminação do
diferencial traseiro ajudam a liberar espaço na cabine.
No
interior, elogios para a qualidade de materiais, as soluções para os diversos
porta-objetos e a possibilidade de deitar o encosto do passageiro
dianteiro. Já o porta-malas (468 litros) é menor que o dos rivais (486 no
Mercedes Classe B e 500 no VW Golf Sportvan). Não chega a compensar o fato de
poder ampliar o porta-malas avançando até 13 cm cada um dos três assentos
traseiros - os outros fazem o mesmo e melhor (16 cm no Mercedes, 18 no VW). O
Active Tourer permite rebater os encostos traseiros por inteiro ou em três
partes (40/20/40), manualmente junto às portas traseiras ou eletricamente por
um botão perto da tampa do porta-malas. Esta, por sua vez, tem acionamento
elétrico e até pode abrir sozinha ao passarmos o pé sob o para-choque.
A minivan
tem espaço para cinco, mas quatro é o ideal, pois o passageiro traseiro do meio
sofre com o assento mais estreito e o túnel no piso. Além disso, os bancos de
trás são mais altos que os da frente.
Ao
volante, fica evidente certo ar de Mini. O sistema que projeta informações numa
transparência sobre o painel (como no Peugeot 3008), a profusão de botões no
meio do painel e até os comandos no teto não escondem sua origem. A posição de
dirigir é alta (11,6 cm mais que no Série 1 e 3 cm mais que no X1), como é
normal num monovolume, e garante visão privilegiada da estrada. A regulagem em
altura do banco e em profundidade e altura da direção contribui para a ótima
posição de dirigir. No lançamento internacional, na região do Tirol (Áustria),
avaliamos o 225i Active Tourer, equipado com um motor 2.0 turbo de 231 cv - a
versão de entrada será a 218i, com o novo 1.5 turbinado de três cilindros e 136
cv. Se você quer sentir um gostinho de BMW, deve selecionar o modo Sport ou
Sport+, que na versão automática altera o câmbio, além do acelerador e da direção.
O comportamento torna-se ainda mais ágil quando se escolhem os amortecedores
adaptativos eletrônicos (opcionais), que em modo Sport tornam o Active Tourer
bem mais estável nas curvas (e mais sensível ao asfalto ruim).
A
suspensão consegue dar à minivan um pouco do caráter dos BMW de tração
traseira, apesar da distribuição de peso ruim (58% na frente e 42% atrás).
Ou seja, em certas condições dá para brincar de arriscar uma leve saída de
traseira na curvas. A direção direta e precisa tem ótimo desempenho e quem
quiser mais emoção pode escolher o opcional Servotronic, que varia a
assistência em função da velocidade, ou o sistema que altera a
desmultiplicação (o volante dá mais voltas em uma baliza e menos em altas
velocidades). Ao vermos os números de desempenho, percebemos que a minivan faz
jus à estirpe: atinge 240 km/h e vai de 0 a 100 km/h em apenas 6,6 segundos,
segundo a fábrica. O torque de 35,7 mkgf permite retomadas convincentes não só
pelo turbo de duas fases como pelo excelente câmbio automático de oito marchas,
com borboletas atrás do volante para garantir a diversão. É aqui que o Tourer
prova que, apesar de destoar do restante dos irmãos, ainda faz parte da família
BMW.
CONCLUSÃO
Ele
agrada quem precisa do espaço e da funcionalidade de uma minivan, oferecendo
ainda as excelentes direção e qualidade geral da BMW, além de uma suspensão que
tem um quê de esportividade.
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